Domingo, no almoço de páscoa, meu primo me lança em tom de deboche (daqueles que só gente da família tem):

– ô Fê, minha mãe me mostrou seus vídeos… o que que aconteceu com você?? Você não era calma e serena assim não!! Aquela menina do vídeo não é a Fernanda que cresceu junto comigo. Me conta, que que tá rolando?

Eu ri porque realmente não é a mesma Fernanda. Eu e meu primo sempre brigamos muito, de sair na porrada mesmo. Ele enchia meu saco e eu me revoltava, atacava, gritava. Sempre fui rebelde e não levava desaforo pra casa então fez todo sentido que ele tenha achado estranho todo esse meu papo de amor incondicional, de autoconfiança, de paz, meditação etc.

Eu já viajei o mundo, conquistei cidadania australiana, ganhei dinheiro, achei minha missão, mas não foi nada disso que meu primo viu no vídeo. Não foi uma mudança externa.

O que ele viu foi uma Fernanda trabalhada, cuidada, cultivada. Eu construí essa Fernanda com muita consciência, amor e paciência.

Eu investi nessa Fernanda porque quando eu tô conectada com a minha essência, com o amor, tudo flui. Eu sorrio pra todo mundo, todo mundo sorri pra mim, eu falo o que me vem na cabeça com liberdade, eu acredito em mim, eu sou confiante, simpática, calma, criativa e é muitooo mais gostoso.

Mas, por outro lado, quando eu deixo a mente me levar e me desconecto, eu acabo assustada, deprimida e isolada. Eu me separo do mundo – são “eles” contra mim e eu tenho que me defender, me proteger.

Meu primo não tava lá quando aconteceu, mas teve um dia que eu entendi que era uma escolha. Eu podia ouvir as vozes da minha cabeça ou a voz do meu coração, e faz 5 anos que eu tenho me treinado a ouvir e seguir essa minha voz interior.

Nem sempre é fácil, mas, levando em conta o comentário do meu primo, acho que tá funcionando.