Quer saber? Me arrependo sim. Me arrependo de ter me formado em jornalismo mesmo sabendo, desde o segundo ano, que aquele não era o meu caminho. Me arrependo de não ter feito tatuagens antes, de ter sido tão responsável e metida a adulta desde criança. Me arrependo dos mil porres que não tomei nos meus vinte e poucos anos por estar preocupada demais com o futuro. Me arrependo de todas as vezes que fui cruel, insensível, intolerante. Me arrependo de ter dito “te odeio” pros meus pais, por ter xingado meu irmão, por ter sido tão dura com tanta gente ao longo do caminho. Me arrependo por ter me maltrado, por ter duvidado de mim e pelas tantas vezes que deixei minha vida no automático. Me arrependo, mas me perdoo. Eu sei que não poderia ter feito diferente, que não seria justo cobrar da Fernanda do passado o que sei hoje. Sei que eu era outra pessoa e que todos os meus erros foram necessários pra que eu chegasse aqui. O arrependimento pode funcionar como uma bela fonte de reflexão, um chamado para olharmos pra dentro e agirmos diferente, com mais coragem e sabedoria. Viver sem arrependimentos pode significar viver uma vida sem aprendizados, sem consertar erros do passado que precisam, e podem, ser arrumados, sem oportunidades criar um novo futuro com mais conexão e propósito. Mas como todas as emoções, o arrependimento pode ser construtivo ou destrutivo. Você pode se culpar, se martirizar ou pode usar seu passado como fonte de aprendizagem. Então eu te convido a se arrepender sim. Não pra se penalizar, mas pra entrar em contato com as marcas que ficaram. Lembra, meu amor, que não existe tempo perdido desde que você use o que passou pra evoluir e criar um caminho diferente, uma nova história mais honesta, mais inteira, mais sua.