Já vivi grandes conquistas absolutamente triste. Já estive na Torre Eifel me perguntando “nossa, é isso?“. Já me chamei de ingrata, inquieta, insatisfeita.

Demorei pra entender que a felicidade não era um lugar onde eu podia chegar e sim um estado que eu deveria cultivar.

Que era muito mais fácil ser feliz comendo uma manga, prestando atenção nas suas fibras, nenhum suco que cada pedaço oferece no movimento circular das mordidas, na sujeirada quase infantil que eu faço quando me entrelaço com a fruta. E esse foi o desafio do CICLOS essa semana.

Um exemplo besta, eu sei, mas nem por isso sem valor. E, assim como na manga, a felicidade pode ser encontrada nas coisas mais triviais. Na água do chuveiro que desce quente, no olhar de um gatinho, no supermercado conversando com uma velhinha que lembra a vó que já se foi.

A felicidade é um estado de espírito, é um coquetel de hormônios (olá serotonina, endorfina e amigas), é um ângulo pelo qual olhamos a vida e os seus detalhes.

“Ah .. eu vou ser feliz quando tiver o ‘cara’ certo”. Chega o cara, ele parece sensacional, passa o tempo e você, com sua mania de achar defeitos, logo entra em ação. Em questão de meses ele já perde o posto de amor da vida.

“Ah eu vou ser feliz quando tiver o dinheiro”. Você luta, se mata, se priva. Chega o dinheiro, os jantares, as blusinhas, as viagens. Passa o tempo e o seu normal só se transformou. Logo falta mais dinheiro pra melhores jantares, mais blusinhas e viagens mais-do-que especiais.

Percebe? É sempre um círculo vicioso de botar a felicidade onde ela não está. Ou melhor, de não reconhecer uma felicidade onde ela já está: no aqui, no agora.

Sim, eu sei que a vida é dura, cruel e injusta. Mas, mesmo assim, você tá aqui, vibrando móleculas, inspirando oxigênio e vivendo da melhor maneira que você sabe.

Ser feliz não é necessariamente estar alegre, nem inclui gargalhadas por definição. Ser feliz é sabendo como o que se tem, sempre sabendo que pode mais e confiando que, de um modo ou de outro, estamos sempre onde deveríamos estar.

É sabendo que na vida nem tudo são flores, mas mesmo assim conseguir, como muitas flores que aparecem ao longo do caminho