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Três meses depois de chegar na Austrália e começar meu novo trabalho como cleaner, liguei pra uma amiga enquanto jantava.
Entre uma garfada e outra, eu chorava e falava:
“Amiga não sei se eu vou dar conta, é muito puxado, tô cansada, não sei se é pra mim”
E ela, com uma voz meio “Fernanda sua louca”, disse:
“Fê pelo amor de Deus você tá aí faz 3 meses, se você não gostar você volta ué, simples assim”
Não, não era simples assim.
Não eram só as pernas e as costas que doíam, mas toda uma maneira de viver que estava sendo deixada pra trás.
Tinha me apaixonado pelo país e pelo futuro que eu poderia viver ali, mas, ao mesmo tempo, estava cada vez mais claro o preço daquele sonho.
Eu sabia que teria que me jogar no incerto, no escuro – e estava morrendo de medo.
“Será que eu dou conta?” – era a pergunta que eu me fazia todos os dias.
Faz 13 anos daquela ligação e ela ficou marcada na minha memória porque, afinal, eu fiquei – e dei conta.
Hoje eu tenho meu tão sonhado passaporte australiano e me sinto em casa nos dois cantos do mundo – o Brasil que me conecta com as minhas raízes, minha história e a Austrália que me lembra da minha força, da minha capacidade de sonhar e fazer acontecer.
Eu tenho consciência dos meus privilégios e sei que sem eles talvez esse sonho nunca pudesse ter se realizado – sou grata.
Ao mesmo tempo não foi fácil pra mim, não é fácil ser estrangeira. É um sentimento muito profundo de solidão e não pertencimento e – mesmo com privilégios – a dor foi real.
Então, pra você que tá passando pelo perrengue que já foi meu, eu te digo:
Chora quando tiver que chorar – sem culpa. Você tem sorte sim de estar vivendo essa experiência mas nem por isso é tudo um mar de rosas.
O lance não é “não sofrer”. A mágica do negócio está em não se vitimizar. Em saber que é duro mas possível. Que é difícil mas é uma oportunidade. Que é sofrido mas é pra poucos.
Pode até ser que você endureça um pouco ao longo do caminho, mas com o tempo as águas acalmam, o que era difícil passa a ser seu novo normal e a você do futuro será eternamente grata pela entrega e dedicação que você está cultivando hoje.
E lembra sempre, você dá conta sim!