Existe uma parte minha que ainda acredita não ser o suficiente. Uma parte que ainda me fala que eu preciso fazer mais, ser mais, conseguir mais…

Essa parte acredita que é só fazendo mais, conquistando mais que eu tenho valor.

Mas acontece que, pra essa parte, nada do que eu faço é suficiente.

Quando eu alcanço objetivos, ela me aponta todos os outros que ainda não alcancei.

Quando eu venço desafios, ela me conta de derrotas.

Quando eu digo que me amo, ela logo me relembra dos meus defeitos.

Essa parte não nasceu comigo, mas saiu dentro de mim. Fui eu quem obrigou que ela entrasse quando acreditei que pra ser amada eu tinha que ser perfeita, que pra ser aceita eu tinha que ser diferente, que pra ser acolhida eu tinha que ser a melhor .. a melhor filha, a melhor aluna, a melhor amiga.

Mas eu já não levo essa parte tão a sério. Eu sei, hoje, que ela é a criança dentro de mim que precisa de afeto e atenção.

Então, eu vou com paciência e amor nos relembrando do nosso verdadeiro valor.

Vou colocar tudo de lindo, de mágico, de especial que existe na nossa existência – o machucado que fecha sozinho, o coração que pulsa sem comando, os braços que se entrelaçam com quem amamos.

Escuto suas preocupações, acolho suas sugestões e respeito seu espaço – mas deixando claro que agora ela não é mais a protagonista da minha vida.

Deixo claro que é a minha verdade quem manda, minha essência quem me guia, minha alma quem inspira.

Que a nossa maior meta é saber ser, saber crescer, saber aprender e que, ser perfeito, é desnecessário pra que eu viva meu verdadeiro propósito.

Lembro que nós somos profundas, complexas, fluidas e que é isso que faz da gente, a gente.

Estamos fazendo as pazes, essa parte e eu. Nem sempre eu ganho, mas continuamos juntas, construindo pontes e aprendendo a conviver e amar uma com a outra