Em 2016 eu morei com uma amiga que me ensinou muito sobre o minimalismo. Quando ela mudou pra nossa casa ela veio de outra cidade e tudo o que ela tinha cabia num carro bem pequenininho. Nem cama ela tinha.

Ela me contou que a ideia era só ter coisas que ela amava muito e que, claro, fossem úteis.

Aquele conceito se encaixou direitinho com o meu momento porque eu já vinha num processo de simplificar a minha vida.

Eu passei a trazer uma consciência diferente pros meus objetos e percebi que todo o processo de armazenamento de coisas nada mais é do que uma representação do meu estado mental.

Da mesma maneira que eu acumulava brincos, roupas, cadernos, eu também empilhava padrões, condicionamentos e pensamentos inúteis. E tudo isso pesava muito.

Eu comecei a sacar que pra energia circular era necessário espaço e passei a preencher os meus buracos com o que realmente me faz feliz. Mas também aprendi que, muitas vezes, é o próprio espaço vazio que me completa.

Os excessos distraem, afastam, confundem. O processo de ir lapidando minha atenção me trouxe clareza, objetividade e muita gratidão. Quando eu começo a acumular já dá até uma agonia.

Desde lá eu venho construindo uma vida onde tudo o que eu tenho é necessário, escolhido e desejado. Ao treinar essa percepção em relação aos meus bens materiais, eu vou automaticamente aumentando meu nível de consciência mental e espiritual.

Hoje eu vejo os meus objetos como uma extensão de mim mesma. E, sem as distrações, o que sobra sou eu, o que eu quero e o que eu acolho. E esse encontro íntimo, sincero e inteiro comigo mesma, pra mim, tem sido o melhor presente que o minimalismo me trouxe.