Liberdade sempre foi prioridade pra mim.

Foi em busca dela que eu acabei mudando pra Austrália, abandonando minha família e deixando pra trás toda a previsibilidade da minha vida no Brasil.

Foi buscando liberdade que eu investi todo o meu dinheiro em viagens e não em um apartamento confortável.

Foi por ela que me tornei minimalista e me treinei a ter pouca coisa – assim posso mudar e “desmudar” sem tanta dor de cabeça.

Liberdade pra mim esteve sempre associada com movimento. Livre pra ir e vir.

Fui pega de surpresa em 2017 quando me percebi com um desejo novo: voltar pra casa, pro Brasil, pra minha família.

Essa vontade veio meio do nada, às vésperas de embarcar numa viagem ao redor do mundo. Desconfiei na hora… pensei “ah isso aí é saudade, já passa”.

Não passou. Muito pelo contrário. Esse desejo fincou no meu coração, tomou espaço e radicalizou toda a minha visão de vida.

Eu que sempre fui como uma águia voando curiosa por aí, me sinto hoje uma árvore. Uma árvore grande, robusta, com raízes profundas debaixo do solo e uma copa colorida, rica e exuberante beijando o céu.

A ironia do destino é que eu olhava pra árvores e sentia um pouco de pena. Sentia dó por serem fadadas a um destino fixo, a testemunharem sempre a mesma paisagem, a serem eternamente presas no mesmo solo.

Eu não entendia que a liberdade está na criação dos frutos, no movimento circular, na transformação das estações, na presença da vida.

Estou amando experimentar ser livre como uma árvore que quanto mais raízes tem, mais alto consegue chegar – e, no fim, nunca me senti tão livre antes.