Mesmo sem saber eu passei a minha vida tentando ser um homem. ⠀ Mesmo na minha inocência, saquei desde cedo que eram os homens os livres, os privilegiados, os escutados, os respeitados. ⠀ Nos meus olhos de criança, ser “mulherzinha” parecia fraqueza. ⠀ Então, desde pequena, já me treinei a ser forte, física e mentalmente.  Eu batia em qualquer menino que me atormentasse, não baixava a cabeça pra ninguém e conquistava meus objetivos com intensidade nível furacão. ⠀ “Sou uma mulher forte, chega disso” – era o que eu me dizia cada vez que o choro vinha, que o medo se instalava ou a intuição se manisfestava. ⠀ Com uma energia desproporcionalmente dura, eu reprimia minha sensibilidade feminina. ⠀ Aos 30 anos meu sistema faliu. Forçar ser algo que eu não era se tornou insuportável e minha armadura caiu. ⠀ Desisti de ser quem eu tinha me tornado, já não me servia mais. ⠀ A energia feminina, que eu sempre sufoquei dentro de mim, começou a transbordar. ⠀ Eu passei a olhar cada vez mais pra dentro de mim e minha alma já não tolerava mais se esconder, ela exigia dançar livremente pela vida. ⠀ Eu comecei a entender, finalmente, o que era ser uma mulher forte. ⠀ Eu aprendi que, assim como a água do mar, nossa força é fluída, abundante e irredutível. ⠀ Ela não precisa compensar, se envergonhar e esperar por permissões – ela é madura, absoluta, densa e fértil. ⠀ Eu aprendi que existe muito poder e coragem na minha vulnerabilidade. ⠀ Aprendi a ser sutil, a ouvir entrelinhas e sentir a dor do outro. ⠀ Aprendi – e continuo aprendendo – a não ter medo das minhas emoções e, em vez de fragilidade, passei a vê-las como fonte de conexão, inspiração e transformação. Você, mulher, pode ser força e sensibilidade. ⠀ E continuamos aqui, juntas, lutando pra termos a nossa voz cada vez mais validade escutada, mas pelo que realmente somos, e não pelo que acham que deveríamos ser. ❤️