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Eu aprendi a odiar meu corpo logo cedo, bem criancinha mesmo. Ainda lembro dos dias no vestiário da escola quando todo mundo tinha que se pesar e a vergonha que eu sentia naquele ritual. Eu me escondia e era sempre a última, na esperança que a professora nem percebesse que eu estava por ali.
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As piadinhas “inocentes”, deboches e risadas dos adultos que participaram da minha infância marcaram a maneira que eu mesma me via pra sempre.
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Na minha cabeça de menina estava claro que eu não me encaixava, que eu não era parte do mundo dos “normais”, que eu era diferente, maior, “gordinha”.
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Depois de tantos anos me odiando, eu cresci e aprendi a duras penas que meu valor é muito muito maior do que o número da balança. Aprendi que meu corpo é meu instrumento de vida, minha casa, meu porto seguro.
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Hoje eu agradeço o corpo que eu tenho porque enxergo sua verdadeira função.
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É meu corpo que me permite sorrir pras pessoas na rua.
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É meu corpo que me permite abraçar as pessoas que eu amo.
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É meu corpo que me leva pra viajar e conhecer as belezas do mundo.
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É meu corpo que trabalha pra que eu cause um impacto positivo no mundo.
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É meu corpo que permite que minhas lágrimas fluam quando as emoções transbordam.
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É meu corpo que me conecta com o mundo, com o real, com o belo.
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É meu corpo que me permite estar vivendo a experiência única de ser eu.
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Eu que sempre me referi a mim mesma como “nojenta”, finalmente entendi que o problema nunca foi meu corpo e sim a minha mente que acreditou que eu não tinha valor, que eu era menos interessante do que as pessoas magras, que minha felicidade dependia de um formato específico.
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O processo de aceitação e desconstrução da nossa autoimagem não acontece da hora pra outra. Minha jornada ainda é tortuosa, ainda me sinto confusa em vários aspectos, mas de uma coisa eu tenho certeza: a única pessoa que precisa amar e apreciar o meu corpo sou eu.
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A responsabilidade de me amar é minha e de mais ninguém.
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Fico feliz de finalmente acolher essa menina com chapéu de cowboy que viveu triste e deslocada dentro de mim por tantos anos.
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Eu te amo. Me perdoa. Eu sinto muito. Obrigada 
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