Você ama o seu lado FEIO?

Em março, quando eu vim pro Brasil de férias, eu dormi alguns dias no quarto que costumava ser meu quarto na minha infância.

Acordei, olhei pela janela e reconheci os mesmos prédios antigos, cinzas, numa rua movimentada com barulho de buzina, crianças e obras. Mas, dessa vez, algo estava diferente. Não na paisagem que se preservou a mesma desde dos meus primeiros dias de vida, mas em mim, nos meus olhos.

Assim como São Paulo eu também tenho partes cinzas, barulhentas e perigosas. E, do mesmo jeito que eu fugi de SP porque essa realidade era muito dura pra mim, eu também fugi dessas minhas partes.

Mas, naquele dia, olhando praquela vista feia e familiar, eu não senti aflição, nem medo, nem angústia. Pelo contrário, eu senti amor, carinho e afeição.

Foi um momento muito simbólico porque eu senti, talvez pela primeira vez na minha vida, o quanto eu e São Paulo temos em comum.

Eu percebi que nós dois temos partes duras e feias, mas ao mesmo tempo somos intensos e vivos. Que nossas ruas perigosas são as mesmas ruas que trazem música, amor e risadas. Que nosso céu pode estar cinza e poluído, mas o sol e as estrelas estão sempre ali, brilhando.

Naquele momento eu fiz as pazes com São Paulo e comigo mesma. E trazendo amor pra onde existia resistência, nasceu ainda mais liberdade, mais amor e mais conexão na minha vida.

Quando a gente aprende a aceitar e amar tudo exatamente como é, é que aprendemos a ser verdadeiramente felizes.

Muito amor sempre,